terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Pai, preciso do Teu conforto

Eu me lembro de que meu pai me contou que, certo dia, houve um forte trovão em minha casa e minha filha, ouvindo aquele barulho, gritou: "Vovô, me cuida!" e pulou no colo dele. A disposição dela em receber socorro quando se sentiu ameaçada deveria ser a nossa, quando, nos trovões de nossa vida, nos sentimos atemorizados.
Eu confesso que ando trazendo algumas dores dentro de mim que, volta e meia, parecem pesar mais. Às vezes, eu digo: "Papai do céu, me cuida!", mas pareço mais aquele sujeito que, trazendo uma mochila pesada nas costas, pede carona na estrada. Então um carro para, e ele entra, com a mochila nas costas... Então o dono do carro diz: "Por que você está carregando a mochila ainda?" E o moço responde: "Você já me deu a carona, não precisa carregar o peso da mochila..."
Como tem sido pesada a minha mochila, Papai! Como parece que ela está, literalmente, colada às minhas costas, me impedindo de aceitar a graça da tua carona... Eu tento me livrar dela, mas parece impossível... Assisti a um filme outro dia, e uma frase do personagem me chamou a atenção. Ele disse: "Depois que uma ideia é colocada na mente de uma pessoa, é quase impossível erradicá-la". Acho que preciso que faças uma extração de ideias em mim... Mas tu já sabias disso, posto que tendes me chamado a ter a Tua mente - tuas ideias... Mas me ensina o caminho, me cura do meu saber, me enche da tua ignorância, posto que ignoras o que não é importante e eu sofro com o que ainda não veio...
Dá-me Teu consolo, Senhor, dá-me a vontade de rir abertamente da vida e das coisas boas. Dá-me a inocência perdida, a vontade de admirar, de contemplar, de meditar, de esperar silenciosamente, de me deleitar, de apreciar, de saborear... coisas que precisam de tempo para serem feitas...
Dá-me Tua paz, Senhor, num sono tranquilo, de noite inteira... Faz-me confiar que estou mesmo em Tuas mãos e que não me deixarás cair, não importa o que aconteça... Onde foi que eu perdi minha paz? Onde foi que os problemas me venceram? Onde foi que eu comecei a desconfiar? Tu me chamas a voltar por este caminho, como Elias quando foi ao Horebe. Porque só podemos encontrar o que perdemos se refizermos nossos passos para trás, sem medo de enfrentar o que passou.
Deveríamos ser capazes de ser corajosos assim... Ao invés disso, somos filhos teimosos, dizendo o tempo todo: Eu consigo, eu consigo... caindo ao chão e andando sozinhos de novo, enquanto estendes a mão carinhosa do abrigo e do consolo. A maioria de nós, Teus filhos e filhas, não quer admitir o quanto necessitamos de colo, de carinho e de ajuda. E quando o fazemos, os outros apontam o dedo, dizendo que estamos com problemas, que não temos fé, que somos crentes de segunda categoria...
Eu quero dizer que azar é o deles. Problema deles se não podem chorar. Eu choro. Pois os que choram serão consolados. Problema deles que são tão arrogantes. Eu busco a mansidão que vai herdar a terra. Problema deles que querem posições, títulos e lugares nos primeiros bancos. Porque os pobres é que são os herdeiros do reino.
Eu só queria receber um abraço do meu Pai celeste. Que Ele me diga: "Não tem problema, não... Vem aqui, vamos conversar..." Queria que Ele passeasse comigo, mesmo que digam que Deus não passeia. Claro que passeia, Deus gosta de curtir as boas coisas da vida, não é? Se ele quer que a gente seja criança, então ele tem que gostar de sorvete, de passeio, de ver os peixes na lagoa... Não dá pra andar com crianças sem gostar de brincar, nem que seja de vez em quando... Eu acredito que Deus ri, que Deus passeia, que Deus brinca. Pra que ele ia criar tanta coisa bonita, se não pode dar uma volta pela terra para admirar a beleza do que fez? Azar de quem não acredita. Eu gosto de pensar que Deus não é tão sério quanto eu sou... Que eu posso aprender com ele a rir mais, a me divertir e me alegrar. A ser como ele sonhou que eu seja e sendo assim, ser feliz como ele almeja que eu seja. Quero descansar nos braços dele e dormir sem medo do escuro...
Quero abrir mão dos rótulos, dos títulos, das conquistas. De tudo o que os outros acham tão importante e que só me mostra, como Sócrates, que existem muitas coisas das quais eu não preciso para ser feliz...
Queria mesmo era ser minha filha de quatro anos e confiar em ti desse mesmo jeito, me jogando em Teus braços: "Paizinho celeste, paizinho querido, me cuida, me cuida..."

4 comentários:

  1. Bom dia! Dei uma passadinha para ver seu blog, gostei muito.

    Deus é contigo.

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  2. Muito bonito o seu texto, quando li chorei... foi de grande ajuda para a minha alma que se encontra aflita neste momento.

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    1. Oh, que maravilha ter podido ajudar nem que seja só um pouquinho... Volte sempre!

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